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Capítulo  2 MÓDULO 3 Modernismo Capítulo  2 MÓDULO 3 Modernismo

Capítulo 2 MÓDULO 3 Modernismo - PowerPoint Presentation

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Capítulo 2 MÓDULO 3 Modernismo - PPT Presentation

no Brasil Primeira Geração AUTORIA Nathalia Saliba EDIÇÃO DE CONTEÚDO Susan Blum REVISÃO DE TEXTO Emanuella Kalil CRÉDITOS DAS IMAGENS DE ABERTURA Biblioteca Nacional iStockphotocomBernhard Lux ID: 805871

uma rio por como rio uma como por andrade oswald ões para arte brasil sua grande semana hist

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Presentation Transcript

Slide1

Capítulo

2

MÓDULO 3

Slide2

Modernismo

no

Brasil

:

Primeira

Geração

AUTORIA

:Nathalia SalibaEDIÇÃO DE CONTEÚDO:Susan BlumREVISÃO DE TEXTO:Emanuella KalilCRÉDITOS DAS IMAGENS DE ABERTURA:Biblioteca Nacional; iStockphoto.com/Bernhard Lux; iStockphoto. com/kemie; COUBERT, Gustave. Mulheres peneirando o trigo. Óleo sobre tela. 131 cm × 167 cm. Museu de Belas Artes. Nantes.1855. - Museu de Belas Artes de antes/Fotógrafo Desconhecido; MILLET, Jean-François. As respigadeiras. Óleo sobre tela. 83,5 cm × 111 cm. Museu D’orsay. Paris. 1987. - Corel Stock Photos; COUBERT, Gustave.The Source among the Rocks of the Doubs. Óleo sobre canvas. Museu de Belas Artes e arqueologia. Besançon, França. 1871 - Museu de Belas Artes e Arqueologia de Besançon/Fotógrafo Desconhecido

[OM]Objetivos que deverão ser atingidos com o estudo da unidade: compreender o contexto histórico da época e a sua relação com as obras literárias; reconhecer as principais características da primeira geração modernista, mais especificamente a poesia; identificar os autores do período e suas poéticas pessoais; analisar os textos literários do período, relacionando-os com outros textos já lidos, compreendendo a sua singularidade.

©Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro

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As

vanguardas

no

Brasil

[OM]

Anita Malfatti, amplamente integrada às novas perspectivas da arte na Europa e na América do Norte, traz para o país algo diferente. Realiza uma exposição de telas no Salão de Chá da Casa Mappin, local frequentado pela elite paulista. Marcadas por elementos do Expressionismo alemão, as obras de Anita fogem à expectativa do público brasileiro de então, o que causa admiração

e

repulsa a um só tempo. Sua temática também era ousada e pouco convencional para o momento. Em uma sociedade acostumada com a arte que retrata a beleza convencional e a saúde padrão, Anita propôs, por exemplo, a pintura de uma mulher com problemas mentais. ©MAC USP, São PauloMALFATI, Anita. A boba. 1915-16. 1 óleo sobre tela: color.; 61 x 50,6 cm. MAC USP. São Paulo.

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Semana

de Arte

Moderna

©Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro

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Semana

de Arte

Moderna

Alguns dos participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, entre eles Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e

Mário

de Andrade

©

Acervo IconographiaCatálogo da exposição da semana de 1922, elaborado por Di Cavalcanti[OM]Durante três dias, 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, o nobre espaço

do Teatro Municipal de São Paulo abrigou a nova estética modernista. Seu auditório

foi tomado por

sessões

literárias

– leitura de poemas – e musicais, enquanto o

saguão

acolhia palestras sobre as artes de vanguarda e uma

exposição

de artes

plásticas

com obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Vicente do Rego Monteiro. Na

música

, destaca-se a

participação

de Heitor Villa-Lobos.

Por seu

propósito

de romper com a aura de conservadorismo que orbitava o contexto cultural brasileiro, as

manifestações

da semana causaram significativo impacto – na maioria das vezes, negativo. No entanto, repercutiram a ponto de fixar os preceitos de

renovação

artística

do moderno no

cenário

cultural do

país

.

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Semana

de Arte

Moderna

Pelo

Theatro

Municipal de

São

Paulo, construído em 1911, passaram nomes como os da cantora lírica Maria Callas, do bailarino Mikhail Baryshnikov, dos cantores Duke Ellington e Ella Fitzgerald, entre muitos outros artistas, além de ter sido, em 1922, cenário da Semana de Arte Moderna ©Wikimedia Commons/Ministério da Cultura

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Contexto

histórico

©Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro

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Contexto

histórico

A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ocorreu em 1922 na cidade do Rio de Janeiro. Essa revolta reivindicava o fim das oligarquias no poder.

Eleições

presidenciais

Disputa entre oligarquiasRevolta do Forte Copacabana©Acervo Iconographia[OM]A disputa entre as oligarquias locais.

De um lado Artur Bernardes, defendendo os interesses de São Paulo e Minas Gerais, de outro Nilo Peçanha, representante de Pernambuco, do Rio de Janeiro, da Bahia e do Rio Grande do Sul.A agitação da campanha eleitoral mostra o descontentamento da classe média e culmina na Revolta do Forte de Copabacana, quando 17 tenentes e um civil se manifestam contra a vitória de Artur Bernardes e a manutenção das oligarquias no sistema da República Velha. Eles foram massacrados por 3 mil soldados que agiam em nome da defesa do governo.Os primeiros anos de Artur Bernardes no poder são marcados por um constante estado de sítio, censura à imprensa e intervenções nos estados. Com a constante série de manifestações, de 1925 a 1927, formou-se a Coluna Prestes, grupo de tenentes que percorria o país denunciando a situação dos miseráveis, exigindo o voto secreto e a obrigatoriedade do ensino primário.

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Contexto

histórico

Essa crise ficou conhecida como o pior período de recessão econômica do século XX.

Coluna

Prestes

Crise econômica/ Grade depressão[OM]Nesse período, delineia-se também a crise econômica que culminará com a queda da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Os Estados Unidos, que haviam enriquecido enormemente com a exportação de produtos para a Europa, vivem um período de declínio financeiro, chamado de “A grande depressão”. Terminada a guerra, os países europeus começam a se reerguer, diminuindo drasticamente o número de importações. As empresas que dependiam desse mercado ficaram com um estoque muito grande deprodutos sem ter quem os absorvesse. Havia mais mercadorias que consumidores, consequentemente os preços caíram, a produção diminuiu e logo o desemprego aumentou. A queda dos lucros, a retração geral da produção industrial e a paralisação do comércio resultou na queda das ações da bolsa de valores e mais tarde na sua quebra.

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Contexto

histórico

Como o preço da saca de café caiu drasticamente, a única solução encontrada pelo então governo de Getúlio Vargas foi a queima de sacas, o que forçou a elevação dos preços

©

Acervo

Iconographia[OM]O Brasil, que tinha nos Estados Unidos o seu maior consumidor de café, se vê em dificuldades financeiras. Para manter o preço do principal produto local, queimam-se toneladas de café.Como saída, o país investe na industrialização, tema muito caro aos poetas da época, que elogiavam a velocidade e o poder do maquinário.São os sinais dos novos tempos!Depois de toda essa movimentação política, cultural e social, ocorre a Revolução de 30, movimento armado que depôs o então presidente da República Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha. Getúlio Vargas assume o poder e, com ele, inicia-se um novo período na história nacional, inclusive no campo literário e artístico, que levará ao fim da primeira fase modernista e ao início da segunda geração.

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Primeira Geração (1922-1930)

É a mais radical, preocupada em romper com as regras do passado e produzir uma arte que fosse mais condizente com a realidade nacional.

Segunda Geração (1930-1945)

Caracteriza-se pela produção majoritária de romances e pela denúncia social. Volta-se para a Região Nordeste do Brasil.

Terceira Geração (1945-1978)

Do ponto de vista formal, desenvolve uma investigação linguística, porém tematicamente volta-se para o regionalismo e à denúncia social.

[OM]

Modernismo é o nome dado à escola literária que se inicia no ano de 1922, depois da Semana de Arte Moderna e se estende até 1978. É dividido didaticamente em três fases ou gerações e cada uma delas desenvolve temas, gêneros e autores diversos. Ainda que muito diferentes, o termo “Modernismo” abarca as manifestações artísticas que foram fortemente influenciadas pelas vanguardas europeias e se valem da liberdade formal e temática

alcançada no começo no século XX.

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Primeira

Geração

do

Modernismo

no Brasil: poesia

[OM]Modernismo é o nome dado à escola literária que se inicia no ano de 1922, depois da Semana de Arte Moderna e se estende até 1978. É dividido didaticamente em três fases ou gerações e cada uma delas desenvolve temas, gêneros e autores diversos. Ainda que muito diferentes, o termo “Modernismo” abarca as manifestações artísticas que foram fortemente influenciadas pelas vanguardas europeias e se valem da liberdade formal e temática

alcançada no começo no século XX.O movimento parnasianista foi influenciado pelos modelosclássicos greco-romanos de representação artística, o que significa dizer que estavam preocupados com uma composição rígida de fazer poético, organizado em versos metrificados e rimas ricas (entre palavras de classes diferentes), cujos temas eram a retomada de deuses gregos e objetos da época. Esse movimento produziu o que ficou conhecido como “a arte pela arte” – arte que se desliga de razões funcionais, pedagógicas, morais ou sociais, privilegiando apenas a estética.

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Revistas

e Manifestos

Capa da revista Klaxon, idealizada pelo poeta Guilherme de Almeida, tendo como inspiração a concepção estética futurista. A letra “A” ganha destaque e substitui as demais, e o número 1 vem disposto deitado, forma pouco usual na época.

[OM]

O nome do periódico faz referência às buzinas de carros, exaltando os tempos modernos e a tecnologia. Nesse sentido, organizava-se de maneira inovadora, publicava inéditos de artistas nacionais e estrangeiros que estivessem de acordo com os ideais modernistas e tinha um projeto gráfico diferente, com fontes inusitadas e cuja disposição das páginas era fora do padrão visto no Brasil de então.

Até os anúncios publicados nesse semanário deviam seguir a estética modernista.

Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade,

Menott del Picchia, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Sérgio Buarque de Holanda, Tarsila do Amaral e Graça Aranha, entre outros, colaboraram com o periódico.

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Manifesto Pau-

Brasil

[OM]

Como o próprio título sugere, trata-se de um artigo em defesa de uma arte essencialmente nacional, que se volta para a realidade local,

funcionando como um redescobrimento da terra brasileira. O autor, Oswald de Andrade, acreditava que a poesia deveria se renovar, recriar o local, valendo-se de uma escrita cheia de oralidade e de temas nacionais, desde o descobrimento até a vida cotidiana da atualidade.

O manifesto foi publicado, primeiramente, no

Correio da Manhã

, jornal de grande circulação no Rio de Janeiro, e somente depois Oswald de Andrade lança o livro homônimo, em 1925, que continha a síntese das ideias defendidas.A pequena publicação tem capa e ilustrações de Tarsila do Amaral, esposa de Oswald de Andrade e grande representante do Modernismo nas artes plásticas. Além disso, apresenta um prefácio de Paulo Prado, que serve de referência até hoje para os estudos modernistas.Capa da primeira edição do livro Pau- -Brasil, de Oswald de Andrade, ilustrado por Tarsila do Amaral

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Verde-

amarelismo

Como reação ao nacionalismo “afrancesado” de Oswald de Andrade e da Poesia Pau-Brasil, Cassiano Ricardo, Menotti

del

Picchia, Plínio Salgado, entre outros artistas da época, decidiram lançar o movimento Verde-

Amarelista

(1926), no qual se defende uma produção de caráter ainda mais ufanista e primitivista.

O nome faz referência às cores da bandeira, como maneira de ressaltar os elementos patrióticos na sua forma mais ideal.

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Revista

de

Antropofagia

A tela

Abaporu

foi finalizada em 1928 por Tarsila do Amaral. Essa obra inspirou o movimento antropofágico

[OM]

Em 1928, Oswald de Andrade reage aos ataques do Grupo Anta e publica o Manifesto Antropófago, na primeira edição da Revista Antropofagia, organizada pelo próprio Oswald, Alcântara Machado e Raul Bopp.O nome surge por conta de uma tela pintada por Tarsila do Amaral, para presentear Oswald de Andrade: Abaporu, que em tupi significa “homem que come”. Do ponto de vista teórico, trata-se de uma continuação do movimento Pau- -Brasil. Propunha uma revisão da dependência cultural do país diante das produções estrangeiras, em especial europeias.Assim, nasce a ideia de “deglutinação” dos elementos estrangeiros, isto é, acreditava-se que a cultura brasileira poderia se valer dos repertórios de fora, mas deveria adaptar, transformar, ingerir essas informações de tal forma que elas se tornassem locais.AMARAL, Tarsila do. Abaporu. 1928. 1 óleo sobre tela, color., 85 cm x 73 cm.Coleção Eduardo Costantini, Buenos Aires.©Coleção Eduardo Costantini, Bueno Aires

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[OM]

Professor, solicitar que os alunos acompanhem a leitura no livro, página 39.

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Oswald de Andrade

[OM]

José Oswald de Sousa Andrade (1890-1954) nasceu em São Paulo, vindo de uma família de ricos comerciantes de imóveis. Por conta de suas facilidades financeiras ainda jovem, lançou

O pirralho,

jornal humorístico de grande repercussão.

Em 1912, fez a sua primeira viagem à Europa, onde entrou em contatocom várias teorias vanguardistas, sendo fortemente influenciado pelocaráter anarquista dessas ideias, em especial do Futurismo, cuja propostaintroduziu no Brasil.Concluiu a faculdade de Direito e engajou-se na Semana de Arte Moderna, sendo um de seus principais responsáveis. Depois, desenvolveu as ideias modernistas por meio de revistas e periódicos já estudados nesta unidade, entre eles

Manifesto Pau- -Brasil e Revista Antropofagia.No âmbito político, Oswald foi um dos raros escritores modernistas da primeira fase que assumiu posição esquerdista. Ele inclusive filiou-se ao Partido Comunista. Oswald foi casado com a pintora Tarsila do Amaral, uma das fundadoras do Modernismo

brasileiro. E, mais tarde, com outra personalidade da cultura brasileira, Patrícia Galvão, a Pagu.Oswald de AndradeTarsila do AmaralPatrícia Galvão, a Pagu

©Acervo Iconographia©Acervo Iconographia

©D.A Press/EM/

Arquivo

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Poemas

de Oswald de Andrade

[OM]

Professor, solicitar que o aluno acompanhe no livro, página 34

.

A produção poética de Oswald de Andrade não é muito homogênea, isso significa que dificilmenteencontraremos uma temática predominante ou abordagem filosófica. Sua preocupação se confunde com os próprios ideais modernistas, muito bem apresentados na Semana de Arte Moderna e nos manifestos e revistas.De modo geral, pode-se dizer que o radicalismo e o empenho em atualizar as letras brasileiras foram as suas maiores pesquisas literárias. Do ponto de vista formal, seus poemas se caracterizam pela busca de uma linguagem cada vez mais próxima do linguajar cotidiano, marcada por expressões Informais, pela síntese – os textos são quase “poemas-pílulas” – pela linguagem telegráfica, sintaxe quebrada, fragmentada e subliminar. Do ponto de vista temático, havia uma investigação do passado Nacional, a revisão de fatos consagrados pela história, o humor e a dessacralização.

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Memórias

Sentimentais

de

João

Miramar[OM]O romance mais conhecido de Oswald de Andrade é na verdade uma autobiografia construída em 163 flashes, remontando ao sistema cinematográfico. Cada uma dessas partes é composta de diferentes gêneros: cartas, anúncios, diálogos, citações, etc. e contam de forma não linear a história de um brasileiro rico, suas viagens, casamento, produções, dificuldades financeiras, etc.

O texto é organizado de forma pouco tradicional. A miscelânea de diferentes elementos que aparecem explicitamente na tessitura da obra é própria do romance moderno, inaugurado no Brasil com

Memórias sentimentais de João Miramar.Em capítulos extremamente curtos, o personagem narrador Miramar conta a história de sua vida desde a infância. Fazendo uso do estilo cinematográfico, Oswald, por meio de verdadeiros flashes, apresenta episódios da vida de seu personagem Miramar como a viagem à Europa e os amores por ele vividos e a sua derrocada econômica.ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo, 2004. p. 100-139.

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Manuel

Bandeira

(1886-1968)

[OM]

O Manuel Carneiro de Souza Bandeira (1886-1968) nasceu em Recife, mas ainda jovem mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou o Ensino Médio no prestigiado colégio Dom Pedro II.

Em 1903, matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo, mudando-se para a cidade, a fim de estudar arquitetura. Porém, descobriu que era acometido por uma doença muito comum no período, a tuberculose. Depois, com a ajuda da família, passa um período na Suíça, no sanatório

Clavadel, tratando-se.Por conta da Primeira Guerra Mundial, voltou ao Brasil com o seu primeiro livro finalizado,As cinzas das horas (1917). Trata-se de uma publicação com poemas de composição rígida: sonetos, rimas ricas e métricas perfeitas, fortemente influenciadas pela estética parnasiana e simbolista.Contribuiu com a Semana de Arte Moderna, com a leitura do poema Os sapos, grande libelo contra a literatura parnasiana. Essa participação marca o início de uma produção de caráter modernista, que terá como auge a publicação dos livros Libertinagem (1930) e Estrela da manhã (1936).©D.A Press/EM/Arquivo

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Desencanto

Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,Cai, gota a gota, do coração.E nesses versos de angústia roucaAssim dos lábios a vida corre,Deixando um acre sabor na boca.– Eu faço versos como quem morreBANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 119.

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Pneumotórax

FEBRE, HEMOPTISE, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

– Diga trinta e três.

– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

– Respire.– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 206[OM]Trata-se de um poema publicado no livro Libertinagem, de caráter modernista, como se pode notar no próprio título, que faz alusão à doença que se constitui no acúmulo de ar entre o pulmão e a membrana torácica. O uso incomum de um termo técnico já demonstra o grau de ruptura sugerido. Além disso, observamos que ele mistura diferentes gêneros, fazendo uso do discurso direto, da repetição e enumeração de termos, além de estar organizado em versos livres. Tais elementos conferem humor e leveza ao tratamento do assunto.Para finalizar, o último verso funciona como uma piada, mostrando que não há solução para o doente, somente tocar um tango argentino, gênero musical conhecido pelo seu tom dramático.

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Paulo Menotti del

Picchia

(1892-1988)

[OM]

Paulo Menotti del Picchia (1892-1988) nasceu em São Paulo e se formou em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, em 1913.Nesse mesmo ano, publicou seu primeiro livro Poemas do vício e da virtude. Colaborou com vários jornais, mas ficou conhecido pelos poemas

Moisés e Juca Mulato (1917), em que procura fixar o gênio triste da raça.Engajou-se na Semana de Arte Moderna e, depois, continuou a contribuir com o movimento, quando se alia ao Verde- Amarelismo em 1924. Depois, deu continuação às suas propostas, participando do Grupo Anta, como resposta às manifestações de Oswald de Andrade com o Manifesto Pau-Brasil e Antropofágico.

Escreveu ensaios, romances, poemas, novelas, peças de teatro e textos infantis. Fez grandes contribuições para o jornal Correio Paulistano, publicando, de 1920 a 1930, crônicas que registravam a repercussão do movimento modernista no cenário nacional.Sobre seu estilo, Alfredo Bosi caracteriza-o pelo seu tom prosaico de cronista, que dava a seus textos uma animação jornalística.©Acervo Iconographia

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Juca

Mulato

Juca Mulato sofre... Esse olhar calmo e doce

fugiu-lhe como a luz, como a luz apagou-se.

Feliz até então, tinha a alma adormecida...

Esse olhar que o fitou o acordou para vida!

A luz que nele viu deu-lhe a dor que ora assombra,como o sol que traz a luz e, depois deixa a sombra... [...]“Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre...Fechar ao mal de amor nossa alma adormecidaé dormir sem sonhar, é viver sem ter vida...Ter a um sonho de amor o coração sujeitoé o mesmo que cravar uma faca no peito.Esta vida é um punhal com dois gumes fatais:não amar, é sofrer; amar, é sofrer mais ainda!”PICCHIA, Menotti del. Juca Mulato. São Paulo: Círculo do livro, 1982. p. 13-14.[OM] Trata-se de um livro composto de vários poemas que relatam a história de Juca Mulato, um caipiraque se apaixona pela filha da patroa e sofre com esse amor impossível. Para acabar com a sua tristeza, Juca Mulato consulta um feiticeiro e decide ir embora de sua terra.Nesse momento, a natureza faz um grande apelo ao caboclo para que fique. Ao recobrar seu alento, o personagem decide, então, que seu lugar é aquele e fica em sua terra natal.

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Raul Bopp

(1898-1984)

©

Editora

Civilização

Brasileira©Estadão Conteúdo/Arquivo/AE[OM] Raul Bopp (1898-1984) nasceu no Rio Grande do Sul, na cidade de Vila Pinhal. Em 1918, matriculou-sena Faculdade de Direito e iniciou uma série de viagens pelo Brasil, cursando um ano da faculdade em cada cidade: Porto Alegre, Recife, Belém e Rio de Janeiro. Por volta de 1920, iniciou outra viagem, detendo- -se, especialmente, na Amazônia, região de onde tira o tema para a sua grande obra-prima, Cobra Norato.Tornou-se poeta e diplomata, participando da Semana de Arte Moderna e, depois, do grupo Verde- -Amarelo e Antropofagia. Sua participação no movimento antropofágico foi especialmente relevante por causa de Cobra Norato, compilação de poemas de caráter épico e mitológico, em que o autor, valendo-se de muitas histórias folclóricas, conta em versos livres a história do herói que mata a Cobra Norato.

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XXIX

– Escuta compadre

O que se vê não é navio É a Cobra Grande

– Mas o casco de prata? As velas

embojadas

de vento?

Aquilo é a Cobra Grande

Quando começa a lua cheia ela apareceVem buscar moça que ainda não conheceu homemA visagem vai se sumindopras bandas de MacapáNeste silêncio de águas assustadasparece que ainda ouço um soluço quebrando-se na noite– Coitadinha da moçaComo será o nome dela?Se eu pudesse ia assistir o casamentoCobra NoratoBOPP, Raul. Cobra Norato e outros poemas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 75-76.[OM] O livro, publicado em 1931, conta a história do herói que, depois de matar a cobra, decide usá-la como disfarce para salvar a filha da rainha Luzia de Cobra Grande, atravessando, assim, o caminho amazônico com mais facilidade.

No entremeio, faz um belo levantamento etnográfico da região, descrevendo as paisagensamazônicas de forma excepcional. Na composição, vale-se de várias fábulas da região e do linguajar típico do povo, com um intuito quase primitivista de reconstrução de narrativas locais.

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– Casamento de Cobra Grande chama desgraça, compadre

Só se a gente arranjar mandinga de defunto

Ué! Então vamos

Lobisomem está de festa no cemitério

Cobra

Norato

BOPP, Raul. Cobra Norato e outros poemas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 75-76.

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Mário

de Andrade

(1893-1945)

©

Acervo

Iconographia

[OM] Mário de Andrade viveu de 1893 a 1945. Artista e estudioso plural, iniciou sua carreira pela dedicação à música, mas logo aderiu a outras modalidades artísticas. Participante extremamente versátil da Semana de Arte Moderna, Mário atuou frontalmente tanto na estruturação teórica do movimento quanto na produção artística. Destacou-se como músico, poeta, prosador, folclorista, jornalista. No ano de eclosão do Modernismo brasileiro, 1922, publicou o livro de poemas Pauliceia desvairada, cujo tema central era a vida da urbe paulista.Ao longo de sua vida, exerceu inúmeros e variados cargos, sempre vinculados à esfera cultural. Mário de Andrade adere completamente aos ideais modernistas da Semana de 22. Em livros como Pauliceia desvairada (1922) e Losango cáqui (1926), seus poemas surgem compostos em versos livres, empregando linguagemcoloquial e exaltando paixões contemporâneas ao seu momento histórico, como fica claro na exaltação da metrópole de São Paulo. Procurando alcançar uma identidade nacional, distinta da imagem ufana da pátria difundida durante o Romantismo, o poeta faz uso do folclore brasileiro: resgata e concilia em suas obras ficcionais as tradições africanas, indígenas e sertanejas.

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Macunaíma

[OM]

Macunaíma

, de 1928, pode, por seu caráter de inovação no uso da linguagem e por sua mescla de elementos textuais e culturais “colados” como uma grande narrativa, ser analisada como a obra em prosa mais significativa do Modernismo brasileiro. Nesse romance, que o próprio Mário chamaria de

rapsódia

, aparecem um nacionalismo crítico e um resgate cultural por meio da operação com diversas lendas indígenas.

O romance conta a história de Macunaíma, herói cujo nome provém do tupi “o grande mal”. Ou melhor: um

anti- -herói ou um "herói sem nenhum caráter”, como diz o subtítulo da obra, que já de saída se contrapõe a todo o ideário heroico sagrado pela literatura até então.Macunaíma é um membro da tribo índígena tapanhuma. Filho caçula de sua família, vivia com a mãe e os irmãos Maanape e Jiguê, às margens do rio Uraricoera, na Amazônia. Trata-se de um protagonista preguiçoso, mentiroso e que tem por hábito provocar rusgas e encrencas com os irmãos, principalmente com Jiguê.Com a morte da mãe, os irmãos e Macunaíma são levados a partir “por esse mundo”. Durante a viagem, eles se encontram com diversos seres da mitologia indígena nacional.Cena do filme Macunaíma, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, em 1969, com Grande Otelo, Paulo José, Dina Sfat e Jardel Filho. Esse filme é uma espécie de alegoria do Brasil e de seu desenvolvimento social, já que o país passava por transformações na época, como a construção de Brasília, inaugurada em 1960

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Macunaíma

Muiraquitã: conhecida desde os tempos do descobrimento, conforme comprovam narrativas e achados arqueológicos, essa pedra verde, geralmente esculpida com a forma de batráquio, trazia proteção e boa sorte, segundo a crença dos indígenas da Região Norte do Brasil.